Embora afirme que tentou trabalhar com o governo brasileiro para reduzir os impostos e que seja difícil fabricar consoles aqui. Fils-Aime acredita que o país pode ser o terceiro maior mercado das Américas, atrás de Estados Unidos e Canadá nos próximos anos.
Continuo acreditando que na área que o Brasil, em curto prazo, pode ser o terceiro maior país em toda a América. É uma grande oportunidade"
G1 - O que fez você vir ao Brasil?
Reggie Fils-Aime - O propósito da minha visita ao Brasil é por conta de que lançamos o Nintendo 3DS oficialmente no país no verão norte-americano. Lançamos também o Wii oficialmente. É importante visitar os varejistas para ver como tudo está indo. Acho importante entender o mercado nacional e, para isso, precisa-se sair para ver nossos consumidores, ver o que acontece por aqui. Assim, podemos pensar em trabalhar em um longo prazo para maximizar esta economia crescente e a base instalada local.
Para nós, isso é uma oportunidade grande de negócios. Continuo acreditando que na área que eu trabalho, Estados Unidos, Canadá e América Latina, o Brasil, em curto prazo, pode ser o terceiro maior país em toda a América. É uma grande oportunidade.
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G1 - Entretanto, algumas empresas enxergam o mercado de games brasileiro como algo muito pequeno em comparação ao tamanho do país...
Fils-Aime - Eu concordaria com essa afirmação, mas o mais importante é entender o motivo disso. A razão é que os videogames entram e saem do país de maneira informal. O que quero dizer é que é preciso habilidade para chegar a um varejista como Saraiva, Fnac, Wal-Mart, entre outros. Em alguns você encontra [os produtos] e em outros não.
O primeiro passo para Brasil se tornar um mercado grande é fazer com que os produtos estejam disponíveis oficialmente. Apenas recentemente os três consoles domésticos da atual geração foram lançados oficialmente por aqui. Acho que isso [o atraso no lançamento] limitou as oportunidades de negócios por aqui.
G1 - A pirataria acaba sendo um fator importante nas decisões da Nintendo no Brasil?
Fils-Aime - Ontem [segunda-feira, 31 de outubro] fui conhecer o mercado informal no centro da cidade [de São Paulo]. Tenho que confessar que achei muito menos produtos pirateados do que esperava. Isso me mostra que as oportunidades no Brasil são significativas. A classe média cresce no Brasil por conta da boa economia e da quantidade de empregos. Com isso, o consumidor está procurando produtos oficiais. Eles querem a garantia, querem saber que o produto vai funcionar direito e que o valor pago pelo entretenimento estará lá.
Vimos este padrão acontecer em muitos países: primeiro, há um mercado grande de produtos piratas. Depois, há um mercado mais formal e, em seguida, ele começa realmente a crescer. O México está neste caminho e a Coreia do Sul passou por este processo. Isso sugere um grande potencial aqui no Brasil.
G1 - Ter os videogames e os jogos em português no país faz a diferença para os consumidores. O 3DS já tem seu sistema traduzido. Quando veremos os jogos traduzidos para o português? E o Wii U, terá o sistema e os jogos em português?
Fils-Aime - Com o Nintendo 3DS, fizemos um compromisso de fazer o sistema em português antes de saber o volume das vendas. Agora, precisamos ver as vendas do portátil e dos jogos para sabermos se esta decisão foi válida. Com isso, iremos considerar lançar consoles e jogos no idioma local.
G1 - O preço dos videogames ainda é muito calto para a grande maioria das pessoas. Quais os meios que a Nintendo estuda para tornar os preços mais acessíveis no país?
Fils-Aime - Para nós, o primeiro passo é entender como trabalhar com os canais do governo em como trazer os produtos para cá. Temos que trabalhar com os portos, com os centros de distribuição e entender como isso funciona. Ainda, temos que entender como isso adiciona aos custos [da operação]. Estamos passando por este aprendizado agora. O próximo passo é continuar pensando em como trazer os produtos para o mercado da maneira mais eficiente.
Ainda temos que levar em conta os encargos e taxas do governo, e isso é extremamente complicado. Mas no final, o consumidor não quer saber disso. Temos que pensar em como trazer a mágica da Nintendo para o maior número de consumidores possível. É isso que precisamos trabalhar.
G1 - Os consumidores querem os games no mesmo dia de lançamento dos EUA. Parece que não adianta lançar jogos muito tempo depois no país, já que os fãs vão comprar o jogo antes no mercado informal. O que Nintendo enxerga sobre essa situação?
Fils-Aime - Nossa meta é lançar consoles e jogos no mesmo dia que nos Estados Unidos aqui e em ouros lugares. Entretanto, enquanto trabalhamos muito para cumprir essa meta, há desafios. Um exemplo: o Nintendo 3DS na cor vermelha foi enviado para o Brasil com antecedência, mas ele está parado em um porto, esperando ser liberado pela alfândega! Fizemos o que podíamos, mas por conta de uma situação adversa, ele chegará aqui atrasado.
Precisamos entender todas estas complexidades para poder contorná-las da melhor maneira o possível para fazer as coisas do jeito certo para o consumidor. Isso significa lançamentos no mesmo dia, em português, acessível para o maior número de pessoas o possível. Isto são as coisas certas a se fazer e estamos motivados para realizar isto.
Estou na empresa há mais de oito anos e neste tempo todo tentamos trabalhar com o governo brasileiro, mas não deu certo"
G1 - Você falou de pirataria, das altas taxas, visitou o mercado informal da capital. Qual a solução que você vê para o mercado de games nacional?
Fils-Aime - A solução deve ser encontrada pela Nintendo. É um problema a ser resolvido pela Nintendo. Estou na empresa há mais de oito anos e neste tempo todo tentamos trabalhar com o governo brasileiro, mas não deu certo. Neste ponto, é nossa responsabilidade ter soluções e planos para resolver o problema.
G1 - Você acha que o governo brasileiro não vai reduzir os impostos para videogames?
Fils-Aime - Em oito anos eu não vi nenhum indicativo dessa mudança. Quero ser claro, isto não é problema do governo ou dos consumidores, é da Nintendo. Por isso, trabalhamos muito neste mercado, temos um parceiro, a Gaming do Brasil, temos armazéns. Estamos comprometidos para resolver isso, mas não é fácil.
G1 - Qual a dificuldade de se fabricar um videogame da Nintendo no Brasil? Sendo a Foxconn parceira da Nintendo, ela poderia fabricar os consoles aqui?
Fils-Aime - É muito difícil. São produtos de alta precisão e o ambiente de fabricação precisa ser altamente especializado. Historicamente, temos um número muito pequeno de fábricas no mundo que produzem para nós.
Você citou a Foxconn. Ela é uma parceira nossa que fabrica produtos na China. Eles também olham para o Brasil e tentam ver como produzir localmente. Não é fácil. Mas estamos comprometidos a resolver este problema.
G1 - Como você enxerga o mercado de games brasileiro daqui dois ou cinco anos?
Fils-Aime - Eu adoraria ver em um futuro próximo todos os aparelhos e jogos da Nintendo vendidos no Brasil, traduzidos e acessíveis para a massa de consumidores. Em cada lugar que a Nintendo consegue ser efetiva e traz produtos traduxzidos e acessíveis, além de ter todos os produtos disponíveis. É isso que quero ver aqui.
G1 - Qual a expectativa para a Nintendo neste final de ano, o primeiro do 3DS, e com games como "Super Mario 3D Land" e "The Legend of Zelda: Skyward Sword"?
Fils-Aime - Acredito que a Nintendo terá uma temporada de final de ano forte. Estamos em um bom momento no mercado com o Nintendo 3DS. A resposta dos consumidores foi muito boa com jogos como "Star Fox 64 3D" e "Pokémon Rumble Bast", e acredito que veremos o mesmo com jogos como "Super Mario 3D Land" e "Mario Kart 7".
O Wii também terá um bom resultado. O novo game de Kirby está vendendo bem e o novo "Zelda" é muito bom. Tenho jogado e, falando com quem já o jogou, todos gostaram.
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