Já analisei uma grande quantidade de games de super-heróis, e até pouco tempo atrás sentia a necessidade de me referir a todos com um aviso breve e cínico: “sim, os jogos da maioria destes personagens são historicamente bastante ruins e não, isso provavelmente não mudará em breve”. Mas a chegada de “Batman: Arkham Asylum" mudou tudo em 2009. Ele não era apenas o melhor game de herói de sua geração de consoles, mas também um marco do entretenimento e uma reinvenção essencial do mito do Cavaleiro das Trevas.
E, assim, foi criado um novo padrão de alta qualidade para os games baseados em quadrinhos, o que fez com que os fãs ficassem esperando ansiosamente pela próxima aventura do Homem-Morcego nos consoles. “Batman: Arkham City” (com lançamento previsto para até o final de outubro no Brasil), o primeiro esforço de mundo aberto da produtora Rocksteady, chega para elevar ainda mais esse nível com a sua criação de um dos ambientes de game mais ricos e aterrorizantes que já vimos. O novo game não é apenas o melhor jogo do Cavaleiro das Trevas – é o melhor game de um herói dos quadrinhos que já jogamos.
Parte campo de concentração e parte terra de ninguém, “Arkham City” é uma espécie de local superpovoado com os piores vilões de Gotham. Os criminosos da Penitenciária Blackgate foram misturados com os lunáticos soltos da agora “morta” Ilha Arkham, e as brigas entre eles acontecem livremente sob o olhar do pervertido diretor da prisão, o Professor Hugo Strange. O tom pessimista do jogo é apresentado logo em seus impressionantes momentos iniciais, quando Batman se encontra preso no coração negro de Arkham, frente a frente com os piores criminosos do local.
A narrativa de “Arkham City” é surpreendentemente funesta e faz várias escolhas corajosas em sua abordagem de Batman e seu universo em Gotham, mas o que pode ser o mais surpreendente de tudo isso é como essas interpretações funcionam de modo eficiente. O Hugo Strange do jogo é um supervisor atordoado que pensa ser um salvador, um louco em uma missão; o Pinguim é retratado como um assassino bruto e ameaçador que vocifera raiva por meio de um grosso som metálico; o doente Coringa continua o mesmo imprevisível e violento “Príncipe Palhaço do Crime”, e um antagonista perigoso para o vigilante rígido e justo criado por Bruce Wayne. A trama tem várias mudanças e viradas à medida que seu diverso grupo de criminosos aterroriza e insulta o protagonista e a cidade. “Arkham City”, como o mundo de um game, por vezes parece infernal e sem esperanças em suas estruturas abandonadas, ruas caindo aos pedaços, e moradores com sede de sangue. Mas você é Batman, e não será derrotado sem lutar.
O famoso modo de combate FreeFlow do game recebeu várias expansões e melhorias dignas de nota, incluindo um aumento na contagem de inimigos que pode fazer com que duelos padrão pareçam verdadeiros combates entre gangues. A habilidade de organizar e utilizar rapidamente vários acessórios de Batman adiciona uma camada extra a isso – incluindo as generosas lutas de chefes do game, que podem exigir muitos apertões nos botões. E o Homem-Morcego realmente tem brinquedos incríveis, como os mais do que úteis Remote Electrical Charge e o Freeze Blast, que criam oportunidades inspiradas para interagir com o ambiente. Um pacote de novos inimigos, formas de derrotá-los e upgrades criados pela Wayne Tech adicionam ainda mais elementos ao já rico sistema de combate do game, e “limpar” uma sala de vilões com um combo longo e direto ainda parece um feito impressionante.
Mas nem tudo são eletrônicos vistosos e pancadaria. A jogabilidade centrada em ações "stealth" é um componente essencial para o sucesso de “Arkham City”, e é representada de modo incrivelmente bom. Inimigos inteligentes caçam Batman cruelmente à medida que ele se esconde pelo cenário em alguns dos momentos mais desafiadores do jogo, e seu Modo Detetive – agora se assemelhando a uma camada de “realidade aumentada”, tornando-o menos prático para quem não quiser desligá-lo – é implementado de forma hábil. Uma seleção de enigmas realmente relevantes à história vão te manter tentando descobrir onde estão seus inimigos e como derrotá-los. Além disso, é preciso notar como esses segmentos são bem colocados na história do game. Há um verdadeiro sentido de progressão em “Arkham City”: em sua jogabilidade, história, variedade de missões e na evolução de seu protagonista.
É difícil resumir tudo que faz “Arkham City” funcionar tão bem. Se “Arkham Asylum” era uma espécie de fun house (casa de parque de diversões com diversas atrações) cheia com os inimigos mais famosos de Batman e uma espécie de serviço para os fãs mais aficionados pelo Cavaleiro das Trevas, esse novo game é um espaçoso parque temático que examina as profundezas do herói. Um conjunto considerável de missões alternativas colocadas ao longo do mundo aberto, uma extensa coleção de desafios do vilão Charada, uma inteligente história alternativa trazendo a Mulher-Gato como uma personagem jogável e, obviamente, muitos mapas de desafio e campanhas personalizáveis fazem de “Arkham City” uma experiência muito atraente e interessante, e um game que será jogado por várias e várias vezes pelos fãs do Homem-Morcego. É um título obrigatório, e um sério candidato ao título de “melhor game do ano”.
Lançamento no Brasil
Segundo a assessoria local da distribuidora Warner, "Arkham City" chega ao mercado brasileiro até o final deste mês para os consoles Xbox 360 e PlayStation 3 com preços sugeridos de 199 reais. A edição para PC sairá por 99 reais e tem lançamento previsto para 18/11. O título terá legendas em português e áudio original em inglês.
Fabricante:
Warner e Rocksteady
Pontos fortes:
História fantástica; gráficos lindos; mundo aberto enorme; legenda em português; quantidade impressionante de conteúdo
Pontos fracos:
Batalhas de chefes podem ser cansativas por exigir muito apertar de botões; o passe online da Mulher Gato deve ser uma chateação para compradores habituados de games
Preço:
Entre R$99 e R$199 (dependendo da plataforma)
Plataformas: |
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